Me perdoem
Nem tudo que digo nem tudo que faço vêm do que sou, tropeço em meio as palavras e sinto sufocar o peito, não gritei, não chorei, mas senti. Eu sou como a garça triste Que mora à beira do rio, As orvalhadas da noite Me fazem tremer de frio. Como os juncos da lagoa; Feliz da araponga errante Que é livre, que livre voa. Para as bandas do seu ninho, E nas braúnas à tarde Canta longe do caminho. Por onde o vaqueiro trilha, Se quer descansar as asas Tem a palmeira, a baunilha, Tem o brejo, a lavadeira, Tem as campinas, as flores, Tem a relva, a trepadeira, Todas têm os seus amores, Eu não tenho mãe nem filhos, Nem irmão, nem lar, nem flores. Não estou voltando ainda, apenas matando a saudade...