Cana, cana, cana!

Ao meu redor vejo imensas plantações de cana,
Estão em toda parte, até no mais pequenos dos lotes.
E isso me aflige, dá uma dor estranha, profunda.
Meus antepassados vieram à esse continente,
Para cultivar, plantar, colher, moer essa riqueza liquida.
Aqui sofreram terríveis castigos, lutaram e até morreram.
Famintos, Flagelados, Favelados
Escravos, Mendigos, Bandidos
Hoje são outros tempos.
A evolução chegou, vieram as máquinas,
Que aram, semeiam, cortam, colhem, 24 horas ininterruptamente.
Sempre e sempre
As máquinas não sentem sede, fome, estafa, não menstruam e não morrem de morte súbita.
São outros tempos, e o mar verde avança, sempre em frente, engolindo nossas matas nativas.
Nos engolindo, nos sufocando
Progresso, dinheiro, euro
Seguimos o slogan de nossa querida bandeira " Ordem e Progresso."
Ordem pra quem, progresso de quem?
Canavial, cana, cana, cana
Desordem, rimos sozinhos, enlouquecidos
Bandidos, mendigos, falecidos
Canavial, cana, cana, cana
Morremos... Mas o combustível ecológico avança, para onde e para quem?
Prisioneiros e loucos não dirigem.
...voltemos pois às senzalas!
Não existem mais, a abolição, lembra?
Quase me esqueci por um momento, voltemos para nossas casas então, dá na mesma.



" E digo ao verde louro dessa flâmula
Paz no futuro e glória no passado"

Eita pátria gentir só!
                                             Eugenia, apenas um desabafo! 

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